segunda-feira, 14 de março de 2011

DIA DA POESIA


A RETIRANTE

Retiraste, Retirante?
Retirei.

Por que choras, retirante?
Tenho saudades da terra.
Terra seca lembra guerra
Luto, horror,destruição.
Nem lembrança do sertão.

Retira os troços, a criança,
O cachorro, a trouxa e o pote,
Somente ficaram espinhos,
Pedras, gravetos, e o ninho;
Sem passarinho, sem carinho,
E sem filhote.

Nas estradas, o sol quente,
As levas de retirantes se retiram do sertão...
Cachorro magro, enxada nos ombros,
Levam puxadas bem junto ao coração.

Com que rimas Retirantes?
Oh! eles rimam com amantes !
Amantes? São felizes apaixonados...
São eternos namorados...
Nós somos uns desgraçados,
Nossa rima é a sede,

É a saudade da rede,
É meu filho soluçando,
Chorando porque não come
E não posso lhe dar de mamar
Porque também tenho fome.

Os sertanejos ajoelhados,
Suplicam amargurados,
Queremos irrigação,
Explorem os nossos minérios,

Cavem a terra no sertão
Construam artesianos
Dos poços então jorrariam água
Durante todos os anos.

É saudável e branquinha...
Todos aqui ficariam...
Mas... que ilusão essa minha!
Bebo água do barreiro,
Minha casa tem barbeiro,
Meu marido está doente.

Cai chuva!!! chove! chove!!!
Molha o meu terreiro!

Mas, se chover de verdade,
Como iria plantar?
Não possuo sementes!
Vou embora, vou andar...

Retiraste, Retirante?
Retirei... ou !!!ainda vou me retirar.
Sim... vou imigrar do Nordeste,
Eu não tenho o que comer,
Se ficar eu vou morrer,

Vou pedir uma carona
Em cima de um caminhão
É a minha salvação.
Rio, São Paulo, Paraná!
Mudarão o meu destino...

Seca maldita! és um braseiro!
Queimaste o meu umbuzeiro
És pior que Lampião.

Mataram muitos cangaceiros
Cortaram muitas cabeças...
A seca do sertão!!!
Para livrar o nordestino,
Da miséria e humilhação.

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