segunda-feira, 25 de novembro de 2013

FÁTIMA ABRANTES FILHA ADOTIVA DESTA TERRA LHE PRESENTEIA COM MAIS UM TEXTO BELÍSSIMO.

Marcelino Vieira- 60 anos de emancipação política

Pra minha terra um rabisco de poesia
Um mormaço de querer bem
Que aquece a minha saudade sexagenária
Saudade da minha gente que está e que se vai
Saudade da minha gente que ainda nem chegou.
Pra minha gente que se vai
Um punhado de recordações de calçadas
De orelhões
De terreiro de chão batido
De galopes empoeirados no aboiar
De ranger de carros de boi
De namoros de olhares, só de olhares...
De cortes de pano pra festa de Santo Antônio
De cartas de amor escritas, cheirando a alfazema
De léguas e léguas à pé pra um abraço demorado e um cafezinho proseado
Um punhado de estrelas e um violão.
Pra minha gente que vem chegando
BIS, BIS, BIS
Motos na rua de cima e rua de baixo
Celulares digitais coloridos e falantes
Paredões sonoros pelos bares
Roncos de automóveis transitando
Namoro de bocas e bocas
Última moda vestida
Abraços, recados, cheiros virtuais
Pequenas distâncias, abissais distâncias
Abraços ensaiados que alcançam todo o mundo
Nos imaginários braços inalcansáveis do progresso.
Minha Marcelino...
Minha menina sexagenária!
Vejo assim de longe essa mistura da minha gente de ontem, de hoje e de amanhã
E acho tão bom ter saudade
E acho tão bom acompanhar suas conquistas
E acho tão bom estar viva pra poder dizer
Que hoje desenhei mais rosinhas no meu caderno
Para cada filho e filha sua que lembrei
Que perdi
Que ganhei
E que hei ainda de ganhar
Porque sessenta anos é muito pouco
Pra se construir um bosque feito de jardins da minha gente.

Natal-RN, 20 de Novembro de 2013
Fátima Abrantes

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